A prova da Fuvest é uma das mais temidas e concorridas do país. No imaginário coletivo dos vestibulandos, essa prova oscila entre o espaço do sonho e do pesadelo pelo grau de dificuldade que o exame apresenta. Com a redação da Fuvest, também é assim! Porém, quando você escreve além das fórmulas prontas, com autoria e criatividade, a ideia do sonho torna-se mais presente. Valendo 12,5% da média total da prova, a redação da Fuvest é uma das únicas que tornam o título algo obrigatório. Diferentemente da redação do ENEM, ela não apresenta um problema a ser resolvido e pede que o aluno esteja pronto para dissertar acerca de um fenômeno social e comportamental, numa perspectiva mais analítica, recheando o seu texto com evidências do seu próprio cotidiano. Nesse aspecto, o texto se assemelha muito a um ensaio filosófico acrescido do posicionamento do autor.
O grande erro dos vestibulandos que querem o ingresso na USP é pautar o discurso de seu texto apenas no plano da abstração, só porque os temas nos levam a esse tipo de discurso. Acontecimentos recentes, dados culturais (provindos de livros, séries, filmes), dados estatísticos e a influência das outras áreas do conhecimento são importantíssimos para que o vestibulando consiga trazer para o plano concreto toda a abstração fornecida pelos textos-apoio e pelo tema de uma redação da Fuvest. Cito como exemplo o tema de 2019, que eu acabei antecipando durante as aulas, o que facilitou o ingresso de vários alunos à USP. A proposta mostrou-se inovadora, contemporânea e muito reflexiva: “A importância do passado para a compreensão do presente”. O senso crítico para essa abordagem temática tornou-se urgente num ano em que tivemos a maior degradação de um dos maiores museus do Brasil, o Museu Nacional, ocasionada pela fatalidade de uma tragédia anunciada, tendo em vista as péssimas condições de conservação de seu acervo até então.
O descaso com o passado, evidenciado por essa falta de conservação, notabiliza o flagelo de um povo fadado à repetição dos erros do seu passado no seu presente, o que vem a ser inevitável numa sociedade imediatista e alienada com relação à sua História. assim como Cazuza, que poetizou sobre o “museu de grandes novidades”, os vestibulandos também foram convidados a abordar um tema tão abstrato e concretizá-lo por meio de um ensaio argumentativo que exigia domínio, criatividade, muito indício de autoria para se escrever um texto. Essa é a exigência maior da redação da Fuvest.
Prof. Taciana
Redação sem formulas